Vigilância Digital: Smart TVs e Serviços de Streaming Sob Investigação por Violação à Privacidade
A Era do Streaming: Um Pesadelo para a Privacidade?
Relatório do CDD Denuncia Coleta Massiva de Dados por Smart TVs e Plataformas de Streaming
Um novo relatório do Center for Digital Democracy (CDD) acusa a indústria de streaming e fabricantes de Smart TVs de implementar um “sistema de vigilância” que compromete a privacidade e a segurança dos usuários. O documento, enviado à Federal Trade Commission (FTC) e outros órgãos reguladores, exige investigação e regulamentação mais rigorosa dessas práticas, que coletam dados sensíveis sem o consentimento informado dos consumidores.
10 Formas Como sua Smart TV Pode Estar Coletando Seus Dados
O relatório, intitulado “How TV Watches Us: Commercial Surveillance in the Streaming Era” (“Como a TV Nos Observa: Vigilância Comercial na Era do Streaming”), destaca 10 maneiras pelas quais as TVs conectadas (CTVs) e os serviços de streaming monitoram e coletam dados dos usuários:
- Rastreamento de comportamento: as CTVs monitoram o que você assiste, seus hábitos de visualização e interações com anúncios, criando perfis detalhados sobre seus interesses e preferências.
- Reconhecimento Automático de Conteúdo (ACR): muitas Smart TVs utilizam o ACR para monitorar o que está sendo exibido na tela, incluindo conteúdo de fontes não streaming, e enviam esses dados para terceiros.
- Gráficos de identidade: esses gráficos combinam diferentes pontos de dados, como cookies e IDs de dispositivos, para rastrear e identificar usuários em vários dispositivos e plataformas online.
- Publicidade personalizada: os dados coletados são usados para servir anúncios altamente direcionados, personalizados por fatores como localização, uso de dispositivos e até mesmo respostas emocionais ao conteúdo.
- Inteligência artificial generativa: as empresas de CTV utilizam IA para criar várias versões de anúncios e conteúdos com base nos dados individuais do usuário, como alterar a roupa dos atores ou o posicionamento de produtos.
- Parcerias com terceiros: os dados são compartilhados com empresas como corretores de dados, anunciantes e empresas de tecnologia, permitindo um rastreamento e marketing extensivos entre plataformas.
- Dados de localização e dispositivo: informações sobre sua localização física e outros dispositivos conectados na residência são coletadas e usadas para direcionar anúncios de forma mais eficaz.
- Integração de compras: algumas plataformas vinculam os dados dos usuários a comportamentos de compra, permitindo que os usuários façam compras diretamente a partir de anúncios ou conteúdos que estão assistindo.
- Dados de saúde e financeiros: dados sensíveis, incluindo informações de saúde e financeiras, são usados para direcionar anúncios aos usuários, especialmente em setores como farmacêuticos.
- Perfilamento político e racial: os dados de CTV são usados para criar perfis de usuários com base em raça ou orientação política, permitindo que os anunciantes ou campanhas políticas direcionem anúncios com base nessas características.
Publicidade Alvo e Políticas de Privacidade Enganosas
Além das taxas crescentes de assinatura de streaming, o relatório destaca o preço elevado da expansão desse setor, que criou um sistema de marketing com “capacidades de vigilância e manipulação sem precedentes”. As políticas de privacidade, descritas como muitas vezes enganosas, não esclarecem como os dados são coletados e usados, tornando promessas de privacidade praticamente inúteis.
Inteligência Artificial e Publicidade Direcionada: Um Novo Nível de Intrusão
Um ponto alarmante levantado pelo CDD é o uso da inteligência artificial generativa para otimizar os anúncios direcionados. Empresas como a Amazon e a TripleLift estão trabalhando em tecnologias que inserem produtos em cenas de séries e filmes em tempo real, sem interromper a experiência do usuário. Além disso, a IA pode criar diferentes versões de um mesmo anúncio, personalizando aspectos como roupas dos atores e localizações das lojas, gerando milhares de variações instantaneamente.
Uso de Dados nas Smart TVs e Discriminação: Implicações Éticas e Sociais
O relatório também alerta para o uso de dados de saúde na publicidade direcionada, especialmente em países como os EUA, onde a publicidade direta de produtos farmacêuticos é permitida. Segundo o CDD, a capacidade de segmentar pessoas específicas com base em seus dados de saúde gera preocupações sobre desinformação e práticas enganosas. A coleta extensiva de dados pelas Smart TVs também tem implicações políticas, permitindo que campanhas políticas usem esses dados para criar anúncios altamente personalizados, alimentando a polarização e desinformação sem qualquer tipo de transparência ou supervisão.
Outro problema destacado é a segmentação de minorias étnicas, como afro-americanos e hispânicos, considerados alvos lucrativos devido à rápida adoção de novos serviços digitais e lealdade a marcas. Chester ressaltou o risco de impactos discriminatórios decorrentes da coleta de dados étnicos para segmentação publicitária, inclusive em campanhas políticas.
Chamado por Mais Regulamentação e Transparência
O CDD pediu que a FTC e a FCC investiguem as práticas da indústria de TVs conectadas, considerando questões de concorrência e proteção ao consumidor. Além disso, solicitou que reguladores antitruste analisem profundamente empresas como Amazon, Comcast e Disney para promover diversidade e competitividade no mercado de TVs conectadas.
O relatório do CDD levanta um alerta importante sobre a invasão da privacidade na era digital. É fundamental que os consumidores estejam cientes dos riscos e exijam maior transparência das empresas sobre como seus dados são coletados e utilizados. A regulamentação e a proteção da privacidade se tornam cada vez mais urgentes para garantir um ambiente online seguro e ético para todos.
Fonte da Notícia: https://olhardigital.com.br/2024/10/09/seguranca/sua-smart-tv-esta-espiando-entenda-os-riscos-a-privacidade/
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