Aumento No Afastamento De Professores Municipais Em Belo Horizonte

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Aumento no Afastamento de Professores Municipais em Belo Horizonte

Desgaste Emocional e Outros Fatores Impactam a Carreira Docente

Aumento Significativo nos Afastamentos

A volta às aulas presenciais após a pandemia de COVID-19 trouxe um problema crescente para o ambiente escolar de Belo Horizonte: o afastamento de professores da rede municipal e da educação infantil. O índice médio mensal de afastamento, que era de 0,24% em 2020, saltou para 3,4% em 2023. Nos primeiros nove meses de 2024, o índice se manteve em 1,8%, mostrando uma tendência preocupante.

Desgaste Emocional e Fatores Detalhados

O desgaste emocional, com a consequente sensação de cansaço e estresse, tem sido o principal motivo para os afastamentos. Uma pesquisa nacional realizada pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras (Semesp) revelou que 79% dos professores já cogitaram abandonar a carreira docente.

A professora Carolina de Oliveira, de 34 anos, que precisou se afastar das salas de aula em 2023, descreve a situação: “Fiquei em um grau de estresse que jamais pensei que fosse enfrentar. Ia para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) com frequência, passei a me consultar com psiquiatra, e tudo por conta do dia a dia na sala de aula”.

A Falta de Limite como Fator Crucial

Carolina aponta a “falta de limite” dos alunos como um dos principais fatores que a levaram a solicitar licença médica: “As crianças não têm limite, as famílias não colaboram, e ainda há a pressão da secretaria de educação. O desgaste emocional é muito grande“.

Desafios da Carreira Docente

A pesquisa “Perfil e Desafios dos Professores da Educação Básica no Brasil” revelou que 63% dos professores entrevistados consideram a falta de disciplina e o desinteresse dos alunos como grandes desafios em seu trabalho. Outros desafios importantes incluem a falta de valorização e estímulo da carreira docente, além da falta de apoio e reconhecimento da sociedade.

Opinião de um Professor da Rede Pública

Um educador da rede pública de Belo Horizonte, que inicialmente concordou em falar com a reportagem, optou por não relembrar suas experiências em sala de aula após recomendação médica: “Devido ao tratamento psiquiátrico e aos remédios que estou tomando, fui aconselhada a não falar“, disse, sob anonimato.

A Busca por Auxílio Médico

O desgaste emocional vivido em sala de aula tem levado os professores a buscar cada vez mais auxílio médico. Uma médica do trabalho que atua na Grande Belo Horizonte afirma que “o educador é a parcela da população trabalhadora que mais tem se afastado e apresentado problemas de saúde mental“.

A médica, que preferiu não se identificar, comenta: “Muito se deve à sobrecarga de trabalho e à questão comportamental dos alunos. Os professores me contam que são desrespeitados, que não há interesse dos alunos durante as aulas, tanto que eles ficam trocando mensagens entre si. No fim das contas, os professores se sentem impotentes e frustrados com a profissão“.

Desistir da Carreira como Opção

Diante dos desafios enfrentados, quase 80% dos professores entrevistados pelo Semesp já cogitaram desistir da carreira. O diretor-executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, destaca: “O professor se sente muito sozinho dentro das salas de aula. Aliado a isso, há a questão da violência. A maioria relata que já passou por algum tipo de intimidação, agressão verbal, sem falar do comportamento dos alunos, que mudou radicalmente“.

Carolina de Oliveira, a professora que se afastou, também considera mudar de profissão: “Confesso que todos os dias me questiono se devo seguir na carreira de professora. Já até prestei concurso para outra área. Penso em mudar minha rota profissional, até porque ainda estou com 34 anos e avalio que ainda há tempo“.

A Necessidade de Mudanças Eficazes

Mudanças efetivas são necessárias para melhorar a carreira docente. Um estudo aponta que, em 2040, faltarão 235.000 professores na rede básica. O licenciamento de professores, principalmente por problemas de saúde mental, desestimula jovens a seguirem a carreira docente.

Capelato defende investimentos em educação, com foco na valorização da carreira docente: “É preciso investir na educação, entendendo que ela é um investimento para o país. Também é necessário um plano de carreira com melhores salários, redução dos episódios de violência e maior investimento em tecnologia“.

Ações do Estado e do Município

A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE-MG) afirma que a Diretoria Central de Saúde Ocupacional (DCSO) da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão de Minas Gerais (Seplag) realiza ações para o cuidado com a saúde dos servidores, incluindo acompanhamento em readaptação funcional e programas de psicoterapia gratuita.

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) mantém um Núcleo de Intervenção em Saúde Funcional para auxiliar servidores com problemas físicos ou mentais que impactam a capacidade laboral.

A PBH também informa que o índice médio mensal de afastamento de professores municipais e da educação infantil foi de 3% em 2019. Em 2020 e 2021, os números caíram para 0,4% e 1,3%, respectivamente, devido à pandemia. Em 2022 e 2023, os índices voltaram a subir, para 3,6% e 3,4%, respectivamente. No período de janeiro a setembro de 2024, o índice médio mensal de afastamento foi de 1,8%.

Conclusão: Investimento em Educação é Essencial

O aumento nos afastamentos de professores em Belo Horizonte e em outras cidades evidencia a necessidade urgente de ações para garantir a saúde mental e o bem-estar dos educadores. A falta de investimento em educação, a falta de reconhecimento da carreira docente e a crescente violência nas escolas são fatores que contribuem para essa crise.

É fundamental que o Estado e o município invistam em políticas públicas que promovam a valorização da carreira docente, a redução da violência nas escolas e a melhoria das condições de trabalho dos professores. Somente com ações efetivas e investimentos adequados, a educação poderá ter um futuro mais promissor e garantir um ensino de qualidade para todos.

Fonte da Notícia: https://www.otempo.com.br/cidades/2024/10/15/volta-as-aulas-apos-a-pandemia–numero-de-professores-municipais

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Jonathas Oliveira
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