Coreia do Norte intensifica isolamento e explode rodovias na fronteira com o Sul
Pyongyang aprofunda separação física com Seul após declarar país “hostil”
Ações drásticas de Pyongyang
A Coreia do Norte, sob o regime ditatorial de Kim Jong-un, executou nesta terça-feira (15) a demolição das principais rodovias que conectavam seu território à Coreia do Sul, aprofundando a separação física entre os dois países. Essa ação radical consolida a crescente tensão entre as Coreias, que vivem sob um armistício instável há mais de 70 anos. A medida segue a declaração de Pyongyang, em 2023, classificando a Coreia do Sul como um “Estado hostil”, marcando o início de um processo de eliminação de simbolos da possível unificação da península coreana, dividida pela Guerra da Coreia de 1950 a 1953.
Explosões e medidas de segurança
As rodovias de Gyenongui e Donghae, localizadas em território norte-coreano a poucos metros da linha de demarcação militar, foram detonadas por volta das 12h (horário local), 0h no Brasil. Escavadeiras realizaram o trabalho de demolição, de acordo com informações do Estado-Maior da Coreia do Sul. Em resposta à ação, os militares sul-coreanos dispararam tiros de advertência na Zona Desmilitarizada que separa os dois países. Ainda não se sabe se trechos ferroviários foram afetados pelas explosões. Em 2017, a ligação ferroviária entre as Coreias foi reaberta para um serviço limitado de carga e passageiros, mas na prática, nunca entrou em operação.
Contexto de tensão e escalada militar
A pandemia de COVID-19 intensificou o isolamento da Coreia do Norte, que voltou a realizar testes de mísseis balísticos com capacidade nuclear. O objetivo da Coreia do Norte é pressionar os Estados Unidos, aliados da Coreia do Sul, a retomar as negociações de desarmamento nuclear, após as tentativas frustradas de diálogo promovidas pelo então presidente americano Donald Trump em 2018 e 2019. Os EUA, por sua vez, intensificaram a integração militar com Seul e incluíram seus aliados no processo de tomada de decisões em caso de guerra nuclear na península. A Coreia do Sul, diferente da Guerra Fria, não abriga mais armas atômicas americanas, enquanto a Coreia do Norte possui, segundo estimativas, cerca de 50 ogivas nucleares, que Kim Jong-un exibe em sua propaganda.
Rompimento de laços e intensificação da retórica
A declaração de inimizade da Coreia do Norte, em 2023, esfriou drasticamente as relações entre as Coreias. As rodovias e a ferrovia ao longo da linha Gyenongui eram consideradas símbolos de boa vontade entre os regimes rivais. No ano passado, Pyongyang alertou os EUA sobre a intenção de separar fisicamente a ligação com o Sul, “para evitar julgamento incorreto e conflito acidental”. O tráfego na região já havia sido suspenso em agosto de 2023. Do ponto de vista militar, a demolição das rodovias pode ser interpretada como uma tentativa de impedir uma entrada fácil de tropas, mas a realidade é que uma guerra atual seria provavelmente centrada em poder aéreo, mísseis e artilharia. Em 2020, no auge da pandemia, a Coreia do Norte já havia demolido o escritório de ligação entre os dois países na área fronteiriça de Kaesong, alegando que desertores da ditadura enviavam panfletos contra o regime para o Norte. Desde 1950, cerca de 30 mil norte-coreanos fugiram para o Sul.
Ações de espionagem e ameaças
Na sexta-feira (11), Kim Yo-jong, irmã de Kim Jong-un, acusou Seul de enviar drones para espionar diretamente a capital da Coreia do Norte, alertando para “um desastre horrível” se isso acontecesse novamente.
Alianças internacionais e tensões globais
A escalada de tensão na península coreana ocorre em um momento em que o mundo está focado em conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia. Kim Jong-un, que assinou um pacto de defesa mútua com a Rússia de Vladimir Putin em 2024, tem intensificado as conversas com Moscou. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou nesta terça-feira que o tratado de cooperação estratégica com os norte-coreanos, ainda em desenvolvimento, abrangerá “todas as áreas”, levantando preocupações no Ocidente e na China sobre a transferência de tecnologias avançadas na área nuclear e espacial russas para a Coreia do Norte. Ao mesmo tempo, a Coreia do Norte envia munição e mísseis para a Rússia, segundo o Ocidente, para serem usados na Ucrânia. O presidente ucraniano Volodimir Zelenski chegou a afirmar, sem apresentar provas, que soldados norte-coreanos estão atuando nas regiões ocupadas da Ucrânia.
Conclusão
A demolição das rodovias na fronteira entre as Coreias representa um novo capítulo na escalada de tensão entre os países. As ações da Coreia do Norte demonstram o desejo de intensificar o isolamento e criar uma fronteira intransponível, com claras implicações para a segurança regional e global. A situação exige atenção e diplomacia por parte da comunidade internacional para evitar um conflito de grandes proporções. É essencial buscar soluções pacíficas para a desnuclearização da península coreana e o restabelecimento de um diálogo construtivo entre as Coreias.
Fonte da Notícia: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2024/10/kim-explode-rodovias-para-cortar-ligacao-entre-as-coreias.shtml
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