Escândalo na Saúde: Pacientes Transplantados com HIV no Rio de Janeiro Denunciam Falta de Suporte e Negligência
Falta de comunicação, suporte inadequado e investigação tardia: as consequências da falha no sistema de transplantes do Rio de Janeiro
Casos de infecção por HIV após transplantes de órgãos
Um grave caso de negligência na saúde pública do Rio de Janeiro veio à tona, revelando que seis pacientes foram infectados com o vírus HIV após receberem transplantes de órgãos provenientes de doadores com a doença. A situação foi descoberta após uma pessoa que havia recebido um órgão em janeiro procurar atendimento em setembro, quando a presença do vírus foi detectada em seus exames. A Secretaria Estadual de Saúde, após a notificação, iniciou uma investigação e confirmou que outras duas pessoas, que também haviam recebido órgãos do mesmo doador, também estavam infectadas. A investigação posteriormente identificou mais três pacientes infectados, que receberam órgãos de um segundo doador, com HIV, em janeiro. O caso gerou revolta entre as vítimas, que denunciaram a falta de comunicação e suporte por parte das autoridades.
Denúncias de falhas no atendimento e investigação
Uma das vítimas, que recebeu um rim, relatou ao Fantástico que só foi contatada pelas autoridades após a divulgação dos casos na imprensa. Ela afirmou que foi informada da sua infecção no dia 3 de outubro, mas que não recebeu nenhuma orientação sobre tratamento ou medicamentos e que sua próxima consulta estava marcada apenas para o dia 29 de outubro. Após a repercussão do caso, ela foi contatada pelas autoridades e teve seu atendimento agendado para a próxima terça-feira (15).
Outro paciente, que recebeu uma córnea de um dos doadores com HIV, não foi infectado, mas sua família relatou preocupação com a falta de suporte e atendimento após receberem um aviso sobre o incidente.
Laboratório responsável pelos testes de doadores fechado por irregularidades
A falha que permitiu a infecção dos pacientes ocorreu dentro da Patologia Clínica Doutor Saleme (PCS-Saleme), uma unidade de laboratório contratada pela Secretaria Estadual de Saúde. A clínica emitiu laudos negativos para HIV de dois doadores que, na verdade, eram portadores do vírus. Os laudos falsos resultaram em nove órgãos transplantados, infectando seis pacientes.
Após uma auditoria realizada pela Anvisa e Vigilância Sanitária, a unidade do laboratório foi fechada por apresentar 39 irregularidades, incluindo a falta de licença para funcionar no local, amostras de sangue sem identificação, ausência de registros de treinamento dos funcionários, armazenamento de material biológico em geladeira comum e condições precárias de higiene.
Investigações em curso e promessas de mudanças
A Polícia Civil, o Ministério Público e o Conselho Regional de Medicina estão investigando o caso. A Secretaria Estadual de Saúde informou que irá contratar outro laboratório para realizar os testes de doadores e que todos os protocolos serão revisados para evitar novas falhas.
A ministra da Saúde solicitou à Polícia Federal que investigue o caso e determinou a realização de uma auditoria na Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro. Ela destacou que o país possui o maior sistema público de transplantes do mundo, sendo reconhecido como um dos mais seguros, mas que o caso exige investigação rigorosa para evitar que erros como esse se repitam.
O que você pode fazer?
Fique atento às informações sobre o caso, acompanhe a investigação e pressione as autoridades para que as responsabilidades sejam apuradas e medidas eficazes sejam tomadas para garantir a segurança dos pacientes em transplantes de órgãos.
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