Juan Cárdenas: “Aprendo línguas nas ruas”
Romancista colombiano, tradutor de Machado de Assis, conta sobre sua relação com a escrita e a inspiração para ‘O diabo das províncias’
O fascínio por Machado de Assis e a realização de ver ‘O diabo das províncias’ publicado no Brasil
Juan Cárdenas, autor de cinco livros e renomado tradutor de autores como Machado de Assis e Guimarães Rosa, expressou sua alegria em ver sua obra “O diabo das províncias” publicada no Brasil. Para ele, a experiência representa a realização de um sonho, especialmente por sua admiração pela literatura e língua portuguesa.
A inspiração autobiográfica e a busca por significado em um passado conturbado
Cárdenas revelou que a inspiração para “O diabo das províncias” surgiu de sua própria experiência ao retornar à Colômbia após 15 anos no exterior. Ele descreveu o livro como uma tentativa de compreender o significado de voltar para a América Latina após um longo período fora, buscando sentido em meio à realidade social, política e aos traumas do passado.
A importância da tradução e o desenvolvimento de uma linguagem rica e detalhada
Cárdenas atribui sua forma peculiar de escrever à sua experiência como tradutor, que considera uma “cozinha” fundamental para sua escrita. Apesar de não se sentir totalmente consciente de como desenvolveu essa linguagem, ele reconhece a importância da tradução na formação de sua escrita.
A mudança climática e a observação da realidade como inspiração para a escrita
Ao abordar a inclusão do tema da mudança climática em seu livro, Cárdenas defende que a literatura não se baseia em “temas” pré-definidos, mas sim na observação direta dos fenômenos e na interação entre a natureza e as forças sociais. Para ele, a mudança climática é uma realidade palpável, que se manifesta diretamente no corpo, e que ele buscou representar em sua obra.
O amor pela escrita desde a infância e a importância da experiência material da escrita
Cárdenas descreve sua relação com a escrita como uma paixão desde a infância, quando preferia escrever a ler. Ele guarda com carinho a lembrança de sua antiga máquina de escrever, que o permitia experimentar a escrita de forma material, com o toque dos dedos nas teclas e a marca da tinta no papel.
A tradução como uma conversa cotidiana e a busca por ritmos e sons nas línguas
Para Cárdenas, a tradução é uma forma de dar continuidade a uma conversa cotidiana, traduzindo não apenas as palavras, mas também os sons e ritmos das línguas. Ele enfatiza que sua relação com as línguas se baseia em experiências pessoais e conexões sensíveis, aprendidas “nas ruas” e não em livros.
Machado de Assis como um herói e a admiração pela modernidade de sua obra
Cárdenas expressa profunda admiração por Machado de Assis, a quem considera um “herói” e um “Borges” antes de Jorge Luis Borges. Ele destaca a capacidade de Machado de modernizar a literatura cervantina, antecipando a obra de Borges no século XIX. Para ele, Machado de Assis é um exemplo de como a literatura brasileira já havia alcançado um nível de modernidade e inovação.
Para conhecer mais sobre a obra de Juan Cárdenas e ‘O diabo das províncias’, visite o site da Editora DBA Literatura.
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