Laboratório ligado a primo de ex-secretário é investigado por contaminação de transplantados por HIV
Escândalo no sistema de transplantes do Rio de Janeiro: Laboratório com ligação familiar a ex-secretário é apontado como responsável por contaminação de pacientes
Laboratório Saleme: Sócio e ligação familiar com ex-secretário
O Laboratório Patologia Clínica Doutor Saleme (PCS-Saleme), alvo de investigação por conta da contaminação de seis pacientes transplantados por HIV, tem como um dos sócios Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira. O empresário é primo de Doutor Luizinho, ex-secretário de Saúde do Rio de Janeiro e atual deputado federal.
Período de contratação e influência política
Doutor Luizinho, embora tenha deixado o cargo de secretário, estava em exercício durante o processo de contratação do laboratório e, segundo fontes do governo, mantinha influência na pasta. A irmã do deputado também trabalha na Fundação Saúde, órgão responsável pela assinatura do contrato com o laboratório.
Reação do ex-secretário e investigação do Ministério da Saúde
Em nota, Doutor Luizinho afirmou lamentar o ocorrido e desejou “punição exemplar para os responsáveis”, negando participação na contratação do laboratório. O Ministério da Saúde, por sua vez, determinou uma “auditoria urgente” em todo o sistema de transplantes do Rio, incluindo a apuração de possíveis irregularidades na contratação do laboratório.
Detalhes do caso: Pacientes transplantados infectados
Seis pacientes que aguardavam por transplantes na Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) receberam órgãos contaminados pelo HIV e testaram positivo para o vírus. O incidente, inédito na história do serviço de transplantes do estado, está sendo investigado pelo Ministério da Saúde e pela Polícia Civil do RJ.
Erro apontado para o laboratório contratado
A SES-RJ atribui o erro ao PCS Lab Saleme, unidade privada de Nova Iguaçu, contratada em dezembro de 2023 para realizar sorologia de órgãos doados. O laboratório foi interditado pela Coordenadoria Estadual de Transplantes e pela Vigilância Sanitária Estadual, e o caso está sendo investigado pela Delegacia do Consumidor (Decon) e pelo Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj).
Suspeitas sobre a realização dos testes
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) descobriu que o PCS não possuía kits para realizar os exames de sangue e não apresentou documentos comprovando a compra dos itens, levantando a suspeita de que os testes podem não ter sido realizados e os resultados, forjados.
Cronologia dos eventos: descoberta da contaminação
A situação foi descoberta em 10 de setembro, quando um paciente transplantado apresentou sintomas neurológicos e testou positivo para HIV. O paciente havia recebido um coração em janeiro. As autoridades então revisaram o processo e encontraram dois exames realizados pelo PCS Lab Saleme que indicavam resultados falsos negativos.
Contraprova e rastreamento
A SES-RJ realizou uma contraprova do material dos órgãos doados e identificou o HIV, rastreando os demais receptores. Cinco pessoas que receberam órgãos da mesma doadora testaram positivo para HIV.
Medidas tomadas pela SES-RJ
A secretária estadual de Saúde, Cláudia Mello, anunciou a transferência dos exames de sorologia para o Hemorio, unidade estadual, e a realização de reteste em amostras de sangue armazenadas de 286 doadores. A SES-RJ também instaurou uma sindicância para apurar responsabilidades.
Este caso inédito coloca em xeque a segurança do sistema de transplantes do Rio de Janeiro. É fundamental que as investigações sejam concluídas com celeridade e que os responsáveis sejam punidos com rigor. É preciso garantir que esse tipo de tragédia não se repita e que a confiança na rede de saúde seja restaurada.
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