Washington Olivetto: Gênio da Publicidade Que Se Recusava a Fazer Campanhas Políticas
A trajetória de um ícone que transformou marcas e produtos, mas jamais se deixou seduzir pelo mundo da política
Um profissional de princípios
Washington Olivetto, considerado um dos maiores nomes da publicidade brasileira, faleceu aos 73 anos. Sua carreira foi marcada por criatividade e inovação, transformando marcas e produtos em ícones da cultura popular. No entanto, Olivetto sempre se recusou a trabalhar em campanhas políticas, afirmando que “esse era um dinheiro muito bom de não ganhar”.
Para ele, a prioridade era trabalhar com produtos que o consumidor pudesse “devolver se não gostar”. Essa postura demonstrava sua crença na qualidade e na responsabilidade do profissional de marketing, algo que ele considerava essencial para o sucesso de qualquer campanha.
Um olhar crítico sobre a política brasileira
Olivetto defendia que a propaganda política deveria ser pautada em informações e não em persuasão, criticando o uso de recursos para manipular a opinião pública. Ele via o problema da política brasileira como resultado da falta de investimento em educação, o que gerava, segundo ele, maus políticos.
Em diversas entrevistas, Olivetto destacou a importância de “melhorar o produto” antes de tentar vendê-lo. Para ele, uma boa propaganda não poderia mascarar um produto ruim, e essa premissa se aplicava também ao cenário político.
Um voto contra Bolsonaro
Apesar de sua resistência a participar de campanhas políticas, Olivetto declarou voto publicamente apenas uma vez, em 2022, no primeiro turno da eleição presidencial. Ele justificou seu voto em Lula como uma forma de “tirar gente como Bolsonaro do poder”, considerando urgente essa mudança para o Brasil e para o mundo.
A decisão de Olivetto de se posicionar politicamente nesse momento específico reflete sua preocupação com a situação do país e com o futuro da democracia.
Políticos como garotos-propaganda
Olivetto, apesar de sua aversão à política, foi inovador ao usar políticos como garotos-propaganda de seus produtos. Em 1989, ele convidou Paulo Maluf e Leonel Brizola para protagonizar uma campanha da Vulcabrás.
A escolha de figuras tão emblemáticas e antagônicas para o mesmo comercial foi uma estratégia ousada e inusitada, que chamou a atenção do público e ajudou a consolidar a marca.
- Maluf, na propaganda, destacava a resistência do sapato 752, relacionando-o à sua própria trajetória política.
- Brizola, por sua vez, associava a qualidade do produto à modernidade e ao progresso.
A campanha, que ficou marcada na memória dos brasileiros, mostra o talento de Olivetto para criar narrativas que transcendem o produto e se conectam com o contexto social e político do país.
Washington Olivetto deixa um legado de criatividade e profissionalismo, e suas reflexões sobre a propaganda política continuam relevantes no cenário atual. Sua trajetória nos inspira a buscar qualidade e responsabilidade, tanto na comunicação como em outros aspectos da vida pública.
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